Ao contrário do que se pensa, os DreadLocks não nasceram com o movimento rastafári e com Bob Marley, o uso de dreads é tão antigo que se torna impossível datar corretamente quando começaram a ser utilizados.
Mas o que se sabe é que povos que habitavam a região da Índia foram provavelmente os primeiros a se utilizar dos locks principalmente por uma questão de praticidade: os cabelos tornavam-se longos e era extremamente difícil corta-los, então, deixavam que se enrolassem e com o óleo natural do couro cabeludo torciam os cabelos para que conservassem uma forma cilíndrica, que diminuía o volume e tamanho do cabelo original.
Porém os Dreadlocks tornaram-se famosos com o movimento rastafári. Os Rastafáris não cortam ou penteam os cabelos por motivos religiosos, baseando-se em citações bíblicas.
É fato que na época em que surgiram representavam um sério risco de higiene, a se tratar pelos padrões de hoje, mas atualmente esta concepção não é absoluta, sendo a higiene comparada à pessoas sem os Dreadlocks.
Existe, assim como com qualquer cabelo, há quem tenha os Dreads limpos, e quem os tenha sujos. Isso é apenas uma questão de gosto do usuário, pois apesar de acarretar mais trabalho por parte do dono do cabelo, mantê-los limpos e lavá-los todos os dias é plenamente possível, e inclusive praticado por grande parte dos adeptos deste estilo.
Tratar de dreads é um pouco diferente do trato de cabelos sem dreads, porém é preciso tomar um cuidado especial em secar o cabelo, pois a umidade pode gerar um acúmulo de fungos que causam o mau cheiro.
Cabelo dreadlock, é um signo visual que o povo aprendeu a associar aos rastafáris tanto quanto o reggae, as roupas coloridas e a imagem de Bob Marley. Entretanto, a moda e os mídia globalizantes, com sua capacidade de apropriação de estilos, espalharam os dreads entre tribos urbanas que, muitas vezes, nada têm em comum com o rastafarianismo. Na Jamaica, a maioria dos "dreads" que circulam pelas ruas e que chamam a si mesmos de rastafáris não são verdadeiramente rastafáris. É uma situação que lembra o ditado popular: "O hábito não faz o monge"... Nem os cachos fazem um rastafári.
Em muitos casos, os signos visuais do rastafarianismo servem àqueles que defendem o uso irracional da maconha como mero recurso de "diversão". Outros, adotam a imagem do rastafári como um recurso de afirmação pessoal que supostamente pode contribuir para "salvar" da pobreza os jamaicanos que vivenciam o cotidiano dos afro-descentes pobres e esquecido dos poderes públicos que sonham em migrar para uma "terra prometida", uma África ou uma América que, acreditam, estão cheias de oportunidades de vida melhor; mas a essência do rastafarianismo não está nas roupas, nos cabelos ou em um baseado do tamanho de um charuto. A alma do ser rastafári pertence ao amor universal ensinado pelo Jesus Cristo há mais de dois mil anos atrás.
Os dreadlocks não são sequer originários da Jamaica. Os cabelos crescidos em mechas densas são usados na África e na Índia desde a antiguidade Bíblica e pré-Bíblica. Na África, são vistos em várias tribos, como os Masai, do Kênia. Os guerreiros desta tribo usam ainda hoje os cabelos no estilo dread, que tingem de vermelho usando corantes extraídos de raízes.
Na Jamaica, as cabeleiras dreads começaram a ser cultivadas depois da extinção da escravatura. Os ex-escravos adotaram o estilo como desafio e afirmação cultural diante da sociedade jamaicana de origem europeia. O estilo era denominado de "Natty Dreadlock". Mais tarde, os rastafáris, seguidores do pensamento do imperador etíope Haile Selassie, começaram a usar os dreads como oferenda e voto de fé Nazarena (cristã ortodoxa).
Na Índia, os dread também são usados há milênios, especialmente pelos saddus, ou "homens santos", praticantes da ioga, muitos deles usuários da cannabis. Em Trinidad-Tobago, a cultura rastafári foi fortemente influenciada por elementos da tradição indiana. Ali, durante o período colonial, eram indianos boa parte dos migrantes recrutados para o trabalho na lavoura. O encontro com os africanos resultou em um sincretismo de costumes que hoje compõem um colorido cenário cultural afro-indiano-católico-cristão que, mais recentemente, foi enriquecido com o estabelecimento de uma comunidade rastafári nas ilhas.
Para o verdadeiro rastafári, não cortar os cabelos é como um tributo a Deus (assim como cortar os cabelos também é um tributo a Deus oferecido por padres e freiras católicos na ocasião em que fazem seus votos). Os rastafáris acreditam que o crescimento natural dos cabelos é um preceito bíblico, contido no Levítico 21:5 - Sobre a Santidade Sacerdotal: "Os sacerdotes não rasparão a cabeça nem os lados de sua barba e não farão incisões em sua carne."
Outra inspiração para o cultivo dos dreads é Sansão, o herói bíblico, tido como um nazareno que usava dreadlocks. Muitos rastafáris creem que assim como Sansão, sua força está nos cabelos e cortá-los seria promover a própria fraqueza. Diz o Livro Juízes 13:5 - "A navalha não tocará sua cabeça porque esse menino é nazareno de Deus desde o seio de sua mãe." Em 16:17, é o próprio Sansão que revela inadvertidamente a Dalila: "Sobre minha cabeça nunca passou a navalha porque sou nazareno desde o seio de minha mãe. Se me for raspada a cabeça, a minha força me abandonará e serei então fraco como qualquer homem."
Além disso, os escravos jamaicanos que chegavam à ilha com cabelos longos eram submetidos ao corte das mechas em um procedimento considerado humilhante. A cabeleira também é uma referência à juba do leão, animal símbolo de poder e coragem na cultura rastafári, em especial, o Leão de Judah, um dos títulos entre os que são conferidos aos imperadores etíopes. Haile Selassie, que não usava dreads, ao contrário, seu cabelo tinha corte militar, ia além da admiração e mantinha leões em seu palácio como animais de estimação.
Por: May
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